Quais modificações podem ser encontradas em atletas master? Em algum momento o esforço intenso e prolongado pode ser prejudicial?

Aquestão que se coloca é como o efeito cumulativo de muitos anos de treinamento pode afetar as estruturas cardíacas, função e, em última análise, impactar no prognóstico. Conforme o Dr. Richard Kovacs, professor de clínica médica, Indiana University School of Medicine e diretor do Krannert Institute “O exercício no extremo tem sido tema de controvérsia recente, e, como com todas as controvérsias médicas, dados adicionais são necessários para resolver o problema”.
Da mesma forma pondera o Dr. Aaron L Baggish, Professor de Medicine, Harvard Medical School, Boston: “Treinamento de resistência geralmente provoca adaptações cardíacas, ou seja, há dilatação biatrial, biventricular, hipertrofia e leve redução da função sistólica de ambos os ventrículos em repouso. Estas modificações auxiliam no aumento do volume de sistólico e no débito cardíaco durante o exercício. Enquanto a maioria das autoridades, há muito tempo, considerada a remodelação cardíaca induzida pelo exercício como uma adaptação benigna, esta visão não é uniformemente aceita. Dados recentes sugerem que atletas treinados pelo exercício, cronicamente podem desenvolver fibrose cardíaca localizada no ventrículo direito e septo interventricular, gerando suspeita que este padrão de fibrose não isquêmica representa uma transição da adaptação fisiológica à patologia uso excessivo.
Em uma recente edição da Circulation, Bohm e colaboradores avaliaram 33 atletas de elite, master (corredores, ciclistas e triatletas), pareados com 33 controles, por idade, altura e peso. Entre os atletas havia 16 ex-atletas profissionais, incluindo um ex-campeão mundial de triatlo, um vencedor da Maratona de Munique, e vários triatletas classificados no havaiano “Ironman Triátlon”. Os atletas tinham idades entre 30 e 60 anos, e tinham treinado uma média de 29 +/- 8 anos.
Todos foram submetidos a eco cardiograma, teste cardiopulmonar e ressonância magnética. Eles concluíram que, nesta amostra de atletas de elite, não há nenhuma evidência de dano cardíaco embora haja uma clara diferença na estrutura cardíaca dos corações dos atletas, compatíveis com adaptação cardíaca normal ao exercício intenso.
Estes são dados novos importantes, mas limitados. Vamos precisar de mais dados, incluindo dados concretos sobre resultados cardiovasculares em diversos grupos para resolver a questão das consequências de treinamento de resistência a longo prazo, diz o Dr Richard Kovacs.
A questão é até onde um atleta de alto nível pode chegar, qual o limite para que o exercício comece a provocar dano cardíaco permanece sem resposta. Para uma avaliação mais segura será necessário realizar estudos prospectivos mais completos, com os resultados clínicos e com controle adequado para fatores de confusão como, por exemplo, uso de drogas que melhoram o desempenho que podem causar ou potencializar o dano cardíaco.
Fonte:

http://circ.ahajournals.org/content/133/20/1927
Bohm P, Schneider G, Linneweber L, et al.