Relação entre percentual de gordura corporal, índice de massa corporal e mortalidade

Novo estudo revisa uma das ferramentas mais utilizadas para avaliar a saúde que é o índice de massa corporal.
De acordo com estudo divulgado em 08 de março último, pela Annals of Internal Medicine oIMC (índice de massa corporal), que mede a altura de uma pessoa em relação ao peso, não consegue retratar a saúde de forma real, é incompleto como um método para determinar fatores de risco para doença cardíaca, diabetes e outras doenças crónicas.
O estudo incluiu 49.476 mulheres com idade média de 63,5 anos, com média de IMC, 27,0 kg / m2- gordura corporal, 32,1% e 4.944 homens idade média de 65,5 anos, com média de IMC, 27,4 kg / m2; média gordura corporal, 29,5%, todos os participantes foram submetidos a absortometria de raio-X de dupla energia para estimativa da gordura corporal relativa. A conclusão, após analise estatística em modelos de mortalidade totalmente ajustados contendo tanto o IMC e percentual de gordura corporal, foi que o IMC baixo e alto percentual de gordura corporal foram associados com maior mortalidade tanto para as mulheres como para os homens. Portanto o IMC baixo também esta associado a risco elevado.
Durante décadas estudos associaram peso menor com saúde melhor e, em geral as metas foram atreladas asfaixas de IMC que define como baixo peso- menos de 18,5; peso ideal entre 18,5-24,9, sobrepeso entre 25-29,9 e obesidade 30 ou mais, independente da forma como eles são atingidos e o tipo de alimentação adotada, em outras palavras, sem considerar o estilo de vida.
Outro problema com o IMC: ele pode ser uma medida distorcida por massa muscular. “O IMC está longe de ser uma ferramenta perfeita, porque não faz diferença entre a pessoa que tem gordura acumulada em torno de sua cintura ou se é uma pessoa grande por causa da massa muscular”, diz William D. Leslie, professor de medicina e radiologia da Universidade de Manitoba. É por isso que um novo padrão é necessário levando em conta a composição total do corpo – gordura, músculo e osso, diz ele.
O cálculo do IMC é uma simplificação, segundo a Dra.Sandra Adamson Fryhofer, ex-presidente do American College of Physicians e um internista em Atlanta, explicando que pessoas com uma alta porcentagem de gordura corporal podem estar em risco embora o IMC normal. “Precisamos de fazer mais do que simplesmente contar a nossa ingestão calórica”, diz ela.
Deve ser considerado também que o IMC não leva em conta que uma pessoa pode ser magra devido a comportamentos pouco saudáveis, incluindo dieta extrema ou dependência de drogas, explicam os estudiosos. Neste cenário, pode ser melhor estar um pouco acima do peso se o estilo de vida for saudável do que ter o IMC certo, mas alcançá-los através de medidas extremas.
Esta mudança na percepção-aceitação do corpo ganhou maior visibilidade também do ponto de vista cultural e está levando a uma definição ampliada de beleza, como por exemplo, modelos tamanho grande apresentados em revistas de moda. Cuidado porém, que estes novos padrões não significam que sejam esquecidos tudo o que se sabe sobre os perigos do excesso de gordura, o risco aumentado de doença cardiovascular, diabetes tipo 2, bem além do câncer de mama.
“Gordura não essencial representa riscos para saúde”, explica Andrew Jagim, professor assistente de Exercício e Ciência do Esporte na Universidade de Wisconsin, em La Crosse. “Portanto, podemos não podemos aplaudir um raciocínio que ignora esta questão”.
Estamos nos encaminhando para uma era onde especialistas estão percebendo que o padrão de comportamento importa tanto quanto os números quando se trata de “Tamanho do Corpo e da Saúde” – e que a composição corporal é a melhor determinante da Saúde.
Fonte:
Raj Padwal, MD, MSc; William D. Leslie, MD, MSc; Lisa M. Lix, PhD; e SumitMajumdar R., MD, MPH. Ann Intern Med. Publicado online 08 de março de 2016 doi: 10,7326 / M15-1181,2016 American CollegeofPhysicians Tamanho do texto: