Pressupõe-se que a flutuação do colesterol poderia impactar negativamente o desempenho cognitivo no idosos. Contudo, embora chamado de “mau” o colesterol é essencial para o funcionamento normal do corpo humano. As membranas celulares são formadas aproximadamente por 30% de colesterol o qual desempenha um papel vital no funcionamento das membranas celulares.
O colesterol precisa ser carregado por lipoproteínas pois, não pode ser dissolvido no sangue. Existem dois tipos de lipoproteínas: baixa densidade (LDL) e de alta densidade (HDL). O colesterol LDL é considerado “ruim” porque ajuda a construir uma chapa grossa, dura que pode entupir artérias. O colesterol HDL é considerado “bom” porque ajuda o colesterol LDL a passar pelo fígado e ser metabolizado.
Pesquisas anteriores sobre a relação entre os níveis de colesterol e função cognitiva (pensamento) em adultos mais velhos tem sido inconclusivos. A relação parece ser um problema complexo.
Um estudo, publicado esta semana na revista Circulation, usou uma abordagem um pouco diferente para investigar a interação. Ao invés de os níveis globais de colesterol LDL, a equipe analisou os efeitos da flutuação de colesterol no desempenho cognitivo.
Os níveis de colesterol não são estáticos num indivíduo, eles podem subir e descer, dependendo de fatores como exercício, dieta, drogas e homeostase prejudicada devido à idade ou doença. Os níveis de colesterol de cada indivíduo variam em diferentes graus em algumas pessoas são relativamente constantes em outros são variáveis.
Uma equipe de investigadores da Leiden University Medical Center em Leiden, Holanda, trabalhou para ver se as flutuações de colesterol LDL e o impacto que poderia ser mensurável sobre o cérebro.
O estudo utilizou 4.428 participantes, com idades entre 70-82, extraídos do estudo prospectivo de Pravastatina no Idoso em Risco (PROSPER). Os indivíduos eram da Escócia, na Holanda e na Irlanda.
No estudo Prosper os participantes são todos com alto risco de desenvolver a doença vascular ou já tinham diagnóstico de doença vascular.
Os pesquisadores, liderados pelo Dr. Roelof Smit, avaliaram a variabilidade colesterol LDL do indivíduo antes de submetê-los a uma série de testes cognitivos.
Estes testes cognitivos envolvidos uma medida de atenção que usa palavras coloridas – um indivíduo é solicitado a ler a palavra de uma cor, escrito em uma cor diferente, por exemplo, a palavra “vermelho” escrito na cor azul. Eles também usaram uma avaliação da velocidade de processamento de informação e dois testes de memória verbal e recordação tardia após 20 minutos.
Analisados os resultados, a equipe observou que os participantes com a maior variabilidade do colesterol precisavam de 2,7 segundos mais de tempo para concluir os testes quando comparados com indivíduos com menores flutuações.
Este achado era ainda mais significativo quando foram levados em consideração outros fatores, tais como, níveis elevados de LDL globais e o uso de estatinas, que reduzem o colesterol.
Embora o tamanho do efeito pode parecer pequeno, como diz o Dr. Smit, é “significativa ao nível da população.”
Indivíduos com maior variabilidade de colesterol LDL, também apresentaram menor fluxo sanguíneo cerebral e níveis mais elevados de hiperintensidade da substância branca (HSB), áreas que se mostram como marcas brilhantes em exames de ressonância magnética e, são associadas com o processo de envelhecimento normal e também são consideradas como um marcador de declínio cognitivo.
“Nossos resultados sugerem, pela primeira vez, que não é apenas o nível médio de seu colesterol LDL que está relacionado com a saúde do cérebro, mas também o quanto seus níveis variam de uma medida para outra.”
Embora os resultados sejam provenientes de uma população europeia, são, muito provavelmente, aplicáveis a populações americanas, também. No entanto, a amostra do estudo utilizou idosos, os resultados não podem ser extrapolados para a população em geral.
Este estudo é o primeiro passo para a compreensão das relações entre o colesterol LDL, o desempenho cognitivo, e envelhecimento. Como o Dr. Smit diz: “Nosso estudo é apenas o primeiro passo. Mais estudos são necessários para examinar se estas descobertas podem realmente influenciar a prática clínica.”.
Fonte:
Timothy Newman- Professor of Biophysics & SULSA Research Professor of Systems Biology medicalnewstoday, 19 de Julho 2016